terça-feira, 16 de agosto de 2011

Carina

Carina, era um sonho de menina
cabelo loiro aos canudo com olhos verde lima
não lhe faltava nada, os seus pais tinham posses
a mãe era doutorada e o pai geria negócios
carina vai crescendo, beleza se evidencia
tratada como princesa tudo parece magia
não tardaria a chegar o dia que o seu mundo ruiria
o pai perdeu os negócios e a conta ao que devia
apanhada de surpresa a sua mãe não sabia
situação virou assim, da noite para o dia
não se consegue concentrar, depressão, desassossego
o patrão já não tolera e diz: "procura outro emprego!!"
a situação já era má e com isto piorou
carina só tem 9 anos mas percebe que algo mudou
forçados a vender a casa, o carro e os bens
carina ontem fez anos, sem direito a "Parabéns"
Carina, linda triste menina,
tão pequena, inocente, tão malvada sina
Carina, doce, bela criança
tão pequena já começa a perder a esperança

a vida está diferente carina mudou de escola
espancada no primeiro dia rasgaram lhe a camisola
ela não foi bem aceite chamam-lhe "menina mimada"
ate mesmo a professora parece desconfiada
o pai só gasta em bebida o pouco que há do dinheiro
a mãe procura trabalho, ta fora o dia inteiro
certo dia chega a casa e a mãe também não tá
o pai chama-a pelo seu nome "Carina anda cá!"
pousa a mochila no chão e dirige-se para lá
varias garrafas vazias espalhadas pelo sofá
ela sente o papá estranho, pressente uma coisa má
"vê como tas a ficar bonita, senta-te no colo do papá"
num gesto arrepiante puxa lhe as calças para o chão
encosta o corpo ao da menina e força a penetração
carina grita de agonia, ele diz que não tenha medo
para não contar a ninguém que aquilo ficava em segredo
a menina estava arrasada, só ela sabe como doí
violada pelo seu próprio pai, em tempos o seu herói
e que agora lhe destrói num ápice a inocência
tem medo de contar a mãe vê nisso desobediência
mas carina não cumpriu aquilo que o pai lhe pediu
ganhou coragem e disse a mãe aquilo que o pai proibiu
a mãe fica bloqueada, numa atitude inesperada
pede que ela se cale e ainda lhe da uma chapada
não acredita nela, pensa que essa reacção
se deve ao facto da menina não aguentar a pressão
resolve levar carina a consulta com o psicólogo
mas conversas com o doutor resumem-se a 1 monologo
ela perdeu o seu sorriso já não confia em ninguém
traída pelo seu pai também pela sua mãe
deixa um bilhete escrito antes de se dar o desastre
"mãe se tu me amavas porque é que não me ajudaste"
Carina, sem ter culpa de nada
viu sem que ninguém previsse a sua vida roubada
carina, ninguém acreditou nela
naquela dia a pequena atirou-se da janela

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vida

Num segundo num detalhe num só toque num só gesto
nos minutos de elogio e nas horas que eu não presto
dou o corpo ao manifesto vendo a alma ao destino
componho um novo som, uma letra, um novo hino
e tudo aquilo que eu ensino e que outrora aprendi
pensar na hora da partida quem irá chamar por mim?
ou quando a morte me chamar vou gostar que o final seja assim?

será que eu sentir-me-ei com uma vida realizada?
ou me arrependerei por toda a chance desperdiçada?
só Deus conhece os motivos e o sentido desta vida
crescer, estudar para ver um terço dela já vivida
sem saber se fui digno, de bênção tão especial
e saber que uns a encurtam, por achar que nada vale
se eu fosse imortal, talvez não tivesse sabor
pois, é por saber que ela é curta, que eu também lhe dou valor..